terça-feira, 27 de novembro de 2012

POE: A NATUREZA EM CONFUSÃO -02.


O meu peito está em chamas como as matas do Brasil!
Porque a ambição é tudo e não é nada!
As loucuras que se fazem agora, nunca foram esperadas.
É o homem buscando o fim: de cimento forra a praça,
o céu, de negras fumaças, nos rios venenos mil!

Há inverno em dezembro! O tempo se confundiu!
As flores já nascem mortas, no começo de abril.
As árvores já não têm cascas, revestem-nas óleo
e borracha, que de noite caem do céu.
O homem fica perplexo olhando do arranha-céu!

A chuva é descontrolada: chove tudo ou chove nada!
E o sol também está assim!
Já não se tem primavera, o tempo que era dela
o outono dominou.
As árvores ficam peladas, sem forças pra resistir!

Com sua força total trabalha o bem contra o mal,
mas pouco pode fazer, porque o mal é mais forte
e o bem tem pouco dote: o mal vai permanecer,
para ver o homem arrependido, gritando,
dando gemidos até na hora de morrer!

Mas, vem chegando à primavera, com perfumes
exóticos e coloridos mil.
Só não vem no tempo certo, mas também o que se espera?!
Se o inverno é primavera e no verão a flor surgiu!
Com o outono antecipado, com início em dezembro,
terminando em abril?!

É a natureza em confusão: é outono ou primavera,
é inverno ou é verão?!
 Não há início nem fim delimitando a estação.
Já está chovendo óxido, carbono, ácido e carvão.
Os peixes morrem afogados, os pássaros tão depenados!
Cambaxirra e gavião.

 A natureza reclama. O homem diz que a ama.
  Mas proclama a sua destruição.
  É preciso dar um jeito: ver o certo no defeito;
  amar com mais decisão.
  Enfrentar a realidade, arborizar as cidades, 
  e não destruir o sertão.
                                                               
  E na luz da clara idade, ter por fé só a Verdade.
  E ser constante em todo o dia e ver que a vida é natureza
  e nesse amor de certeza planejar com sutileza
  e toda sabedoria o uso racional do controle da energia. 

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