Não me inspirei em Dante ou
em Cavalcanti,
Não voltei a Gil Vicente; não
fiz comédia nem ópera.
Não visitei Cervantes e nem Camões
e nem Bocage,
Fiquei aqui no meu Brasil, e
reduzi minha viagem.
Para falar das coisas feias usei
à Boca do Inferno,
Gregório me disse aos berros
e o silêncio se perdeu!
Não me calei, fui ao fundo e
falei do mundo imundo!
Desse mundo que eu também vim
a pertencer.
Eu queria mais liberdade do
escravo ao ditador,
E busquei em Castro Alves o elo
libertador.
No tombo do corpo ao mar, na
chibata a estalar, na fuga,
Na rebeldia, no clarear da
noite misturada com o dia.
Em Vieira busquei amparo e
segurança, paz em Deus e crianças!
Prosperei em Alencar e via a
índia nua se banhando.
Linda com cabelos pretos e
com os lábios de mel!
Não me perdi em besteiras e
fui a Manuel Bandeira,
E vi em Cinzas a vida, no
pulmão vi a ferida, que cedo o apagou!
Não quero sentir tristeza,
quero falar do amor!
Vou embaixo e vou encima de
Machado a Carolina,
De Azevedo como eu falo do
Namoro a Cavalo.
E dos artistas atuais Vinícius,
Chico Boarque, Caetano!
Gal e Gil, Roberto e Erasmo
Carlos. Como é rico o meu Brasil!
São tantos os grandes
artistas de sentimento criador,
Que cantam em prosas e em
versos a alegria e a dor!
Que elevam a nossa vontade
de maior libertação,
E de extinguirmos as
diferenças e sermos todos irmãos!
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