No
século passado, fui encarcerado e com força lançado num poço!
Anestesiado,
dormi acordado, e fui condenado como um vagabundo!
E
ninguém me percebeu!
Como que eu não fosse eu. E o tempo correu!
Como que eu não fosse eu. E o tempo correu!
Não
fiquei sozinho, pois dos meus vizinhos, ouvia os gemidos,
Com
dores de dentro, vinham pelo vento, bem aos meus ouvidos.
Não
fui revolucionário, nem fui outro otário, mas me fizeram mal!
Num
copo pequeno, deram-me do veneno, que me entorpeceu,
Que
me pôs tão louco, e me derrubou,
com chutes e socos o mau professor!
com chutes e socos o mau professor!
Fui
torturado e falei forçado o que não sabia; estava mui dormente,
Como
uns dementes, me mostravam gente que eu não conhecia.
Fui
condenado sem saber a que!
Sem nenhum motivo furaram o meu ouvido
Sem nenhum motivo furaram o meu ouvido
Com
um telefone, quando perguntaram
e eu respondi qual era o meu nome!
e eu respondi qual era o meu nome!
Eu
nem via o dia, nem se escurecia, pois na cela fria não havia luz;
Com
muita zombaria,
eles me batiam com o rosto coberto, na escuridão!
eles me batiam com o rosto coberto, na escuridão!
Surraram-me
tanto que até hoje eu manco do meu calcanhar,
Quebraram-me
os dentes, bem aqui da frente,
e não me davam nada para mastigar!
e não me davam nada para mastigar!
Só
comia sopa, uma coisa louca, punham-me na boca,
para eu não morrer.
para eu não morrer.
Mas
eu venci a batalha e me livrei da mortalha num dia,
logo ao amanhecer!
logo ao amanhecer!
Hoje
eu tenho boa vida, mas ainda me dói,
e as feridas não querem cicatrizar!
e as feridas não querem cicatrizar!
Pois
eu fiquei bem marcado, torto, e mutilado,
e ainda manco do meu calcanhar!
e ainda manco do meu calcanhar!
Tenho
pesadelo constante de noite
e quando se apagam as luzes do meu lugar.
e quando se apagam as luzes do meu lugar.
Porque
volto a sentir dor dos socos
e chutes levados na boca do mau professor!
e chutes levados na boca do mau professor!
Não
sei se devo ou se posso, eu sei é que muito me esforço,
e quero tudo esquecer,
e quero tudo esquecer,
Pois
ainda não sei nada, nem conheço a mão malvada;
e nem quem foi me socorrer!
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e nem quem foi me socorrer!
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