terça-feira, 22 de setembro de 2015

POESIA: O SAPO DO TIETÊ! – 84– FAR X.

            Acordei sobressaltado, porque coaxava ao meu lado um sapo do Tietê!
            E não vi você por perto, a água era um deserto; estava prestes a morrer!
            Quis eu que fosse um sonho, e tentei me levantar, e, então, logo percebi
            Que não era, quando olhei pela minha janela e vi o meu carro a boiar.
           
            Eu não estava tão por baixo e nem me senti no alto no quarto do quinto andar!
            Ainda bem que era dia, pois não havia energia, nem força no popular!
            Fiquei com pena do sapo, e muito mais tive de mim, pois perdia a moradia;
            Estava sem barco na ilha! Sem nenhuma maravilha! Tão próximo era o meu fim!

            Olhei mais uma vez pela janela até onde pude enxergar, mas só vi desolação!
            A água cobriu o portão da casa do meu vizinho. Como vou sobreviver?!
            O tempo ficou escuro e eu nem via o prédio do outro lado sem muro!
            Gritei, mas não fui ouvido; de todos fui esquecido, por causa dessa invasão.

            Ninguém quer ter compromisso e o que resulta disso é a grande destruição.
            Mas ainda há muito tempo para se escutar por dentro e mudar o seu coração.
            Nem mandei o sapo ir embora, pois só água havia lá fora, vou noutra ocasião.
            Blindaram o solo da cidade, construíram vaidade; fecharam toda vazão!

           Só com muito esgotamento se esvaziará por dentro do homem a corrupção!
           Não usam as ruas da cidade, que não tem velocidade; só andam de avião.
           Por que só pensam no agora, com nada se apavoram,
           pensam que vão se salvar?!
           Mas forte é a natureza e os derrubará com certeza do prédio onde morar.
                       
           Ainda estou isolado, com água por todos os lados, e eu nem aprendi a nadar!
           Também não sei para onde vou, se eu grito e ninguém responde;
           não querem me escutar!
           Mas eu não vou desistir, enquanto eu estiver aqui, ninguém jamais me calará!
           E por eu gritar tanto, quem sabe você me escuta e me atende,
           e eu possa, então, me calar!

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