A minha cidade já não tem
Pronto-Socorro,
nem para o pobre lá do morro que não com
quem contar!
Não adianta reclamar quem passa mal!
Eles estão fechando o hospital! E como
a gente vai ficar?
Eu não entendo o que fazem as
autoridades!
Sei é bom ou é ou se é maldade! Isso
eu não sei dizer!
Mas eu lamento e fico mordido por
dentro, aqui no coração,
e nem me cessa o pensamento toda a
dor do meu irmão!
Eu gostaria que nos dessem atenção! Olhassem
e vissem!
Porque é contradição o que eles estão
fazendo!
Em desespero morrem os pobres nas
calçadas!
E não há quem faça nada! Passam longe para vão ver!
Os desgraçados todos sujos e esfarrapados,
feridentos, maltratados, não têm nem
onde morrer!
Todas as ruas já têm cheiro de
necrotério, e de mortos
de cemitérios. E em todos os cantos há fedor.
Há muita urina e coco por todos os
lados, um nojo infectado!
Nem se comparam com os castigos da
prisão! Que situação!
A minha cidade não anda mais
acordada!
Ela foi violentada e desprezada e hoje
vive em servidão!
Mas, o que mais me assusta é a falta
de pronto socorro
para quem vive no morro e não tem com
quem falar!
Mas se for preciso eu vou gritar
desesperado
para acordar o estado que se esqueceu
de nós.
Mas, brevemente virão outras eleições;
e são eles que vão gritar!
Farão promessas bonitas e esclarecidas,
vão melhorar sua vida.
Não se desanime nem se desespere, nem
queira mais reclamar!
Pois se você sente isso tudo: então, pode
andar e ver e ouvir e cheirar?
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