Até as aves fazem arribação e voltam
para ver, chocar, e nascer lá no sertão.
E todo um povo voa à toa em toda
direção em busca incessante de seu pão,
Porque a terra é boa, mas o homem fica
à toa e vive da exploração!
Todo dia fazem manchete no rádio e
na televisão, mostrando ao mundo,
A miséria, que sobre o povo impera,
devorando o cidadão!
Faz ao homem como dantes, e aquele
retirante não pode gora voltar;
Perdido é na cidade, conheceu a
vaidade: que tristeza é o seu lugar!
O povo sem cultura é explorado, é
massa para toda construção,
Ao homem se escraviza na cidade, e temores
não o deixam no sertão.
Analfabeto fica entre a cruz e a
espada, com fome não consegue aprender!
E sempre lhe acontece à mesma coisa:
a luta faz o homem se esquecer!
E eu não posso comparar a ave solta
com o homem retirante do sertão,
Porque a ave livre volta ao ninho,
mas o homem cai no laço da prisão!
Muitos se esquecem de seus filhos,
da mulher que entregou seu coração,
Porque bebeu cachaça na sua
ignorância e caiu no fundo de um alçapão!
Perdido acordou já num barraco, num
leito despido e fraco, e sem pudor!
E já não é chamado retirante; no
laço de outra família ele mesmo se amarrou!
Prisioneiro da ilha, que ele mesmo
edificou; deixando sem esperança, lá no sertão,
A criança, a mulher e o seu lugar; e
não é mais retirante, pois já não pode voltar.
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