Todo
o universo se encontrava em paz; mas eis que de repente, apareceu o Diabo na
terra, onde habitavam os homens com suas mulheres, seus filhos e suas filhas.
Era
o Diabo muito atraente, educado, gentil e muito comunicativo, por isso, logo
atraiu para si a atenção de todos os moradores da terra.
As
jovens disputavam a sua atenção, porque além de belo, tinha entre os homens um
excelente conceito, porque parecia ser muito bondoso e verdadeiro.
Por
ser o Diabo astuto, observava todas as obras que se encontravam feitas,
colocava nelas alguma imperfeição e se apoderava da sua patente. Como todos os
homens, ambiciosamente queriam se fazer parente do Diabo, através do casamento
de suas filhas com ele, não contestavam a apropriação indébita feita pelo
Diabo.
Em
pouco tempo, era o Diabo o administrador de toda a terra, e passou a cobrar
imposto sobre todas as coisas. Todos os moradores da terra ficaram sujeitos ao
Diabo, pois ele havia tomado do homem, com o consentimento do mesmo, todos os benefícios.
O
Diabo, então, com pretexto de constituir família, se dispôs a escolher entre as
filhas dos homens uma para ser a sua esposa. E se apresentaram todas as jovens
que havia na terra, e, depois de falar com todas elas, colocou a disputa entre
a Política e a Justiça. E comparando as suas qualidades viu que melhor faria as
suas vontades à Política, e se casou com ela.
Todos
os homens, então, se voltaram contra o Diabo, mas nada podiam fazer contra ele,
porque o Diabo detinha todo o poder na terra.
A justiça, que havia sido preterida pela Política, começou a bolar um
plano para diminuir o poder do Diabo, e como ele era muito chegado a ela e a
conhecia muito bem, se fez de convencido e enganou a Justiça. Agora era o Diabo
marido da Política e pretenso amante da Justiça.
O
Diabo havia colocado disputa entre as moças mais belas da terra, e ainda que
fosse injusto com todos, mantinha o poder por causa da sua união com a Política
e da sua argumentação com a Justiça. Os seus adversários eram muitos, mas o
Diabo enganava todos eles com promessas falsas de que iria distribuir o poder.
Do
relacionamento do Diabo com a Política nasceu uma menina muito linda, a qual já
no seu nascimento conseguiu conciliar todos os moradores da terra com o Diabo.
E, então, puseram nela, por escolha unânime, o nome de Mentira. Todos os
moradores da terra se esqueceram das suas pretensões e passaram a amar a
Mentira, e quanto mais a Mentira crescia mais eles a amavam. A Política havia
enganado ao Diabo, pois não era donzela ao ser escolhida, mas o Diabo também
não é o que parecia ser, quando era solteiro. Um enganava ao outro!
A
Mentira, já na sua adolescência, foi nomeada embaixadora de seu pai e de sua mãe
na terra. A Mentira negociava e tratava com a Justiça e com todo o povo. A
Mentira se tornou tão convincente que até a Justiça passou a admirá-la. Pois ainda
que soubesse que ela fora gerada da sua adversária, reconhecia a sua beleza e apoiava
alguns dos seus argumentos.
Formou-se
a Mentira; após ter debutado aos quinze anos, aos dezoito, foi emancipada e
passou a dominar até mesmo sobre o Diabo, porque a Política lhe dava apoio.
Muito articuladora encontrava solução para todas as coisas, ainda que não
comprovasse nada, muitos acreditavam nela e lhe defendiam. A Política era linda
e se envolvia com qualquer homem.
Todos
os jovens moradores da terra passaram a amar a Política, por causa da sua filha
Mentira. Pois quando a Mentira falava, sempre estava ao lado da Política e
todos lhes prestavam atenção e se apaixonavam por elas. E até os filhos da
Justiça, os quais foram gerados do seu casamento legal com o Ordenamento
Jurídico, passaram a amar a Mentira e muitos se envolveram com a Política,
porque ela ainda continua enganando o Diabo.
A
Política ainda é a mulher do Diabo. A Justiça permanece na censura. A Mentira
namora todo Mundo e é amada pelas multidões. O Diabo continua enganando e sendo
enganado. E Deus tem o domínio absoluto sobre tudo e mora com a Verdade em
nosso ser. BLOGGER: jcorreasomente.blogspot.com.br
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